sexta-feira, 15 de maio de 2015

Tablets, foblets, goblets, goblins, gadgets e gente afobets

         Raramente um neologismo nos pegou com a força do tablet, essa varinha de condão que, com dois toques, coloca o mundo na palma de nossa mão. Tablet tornou-se arroz com feijão, graças a uma campanha de lançamento bem feita. Todas as mídias noticiaram a histeria consumista, alardeou-se até a escravidão em que os operários chineses seriam mantidos, para atender à surpreendente demanda. Ninguém questionou a exploração humana, todos queriam a geringonça, o novo gadget. O fenômeno se repete, ano após ano, a cada lançamento, a cada novo modelo que pouco muda.
        O Brasil aderiu ao modismo de corpo e alma. O governo ameaça, volta e meia, colocar o tablet na mochila de cada aluno da escola pública. Passa da hora. Os marqueteiros juram que, se você não comprar um, você vira ET. Por conta de seus gadgets, Steve Jobs perdeu todos os pecados e morreu santo e herói ecumênico. Enquanto isso, novas gerações de tablets chegam ao mercado, novas empresas os comercializam, novos nomes são inventados, surgem os foblets, muitos não vingam, todos se tornam goblets (Santo Graal para recolher dinheiro), as pessoas se sentem goblins quando não possuem o modelo mais atualizado.
          Já vi esse oba-oba antes. Muitas vezes. Aconteceu com tvs, vídeos, filmadoras, pcs, celulares, laptops etc. Desatento e induzido, comprei na afobação vários gadgets, completas inutilidades. Tenho pilhas de lixo eletrônico. Quanto ao tablet, todos possuirão um. Ele resolve problemas, inclusive o de carregar muitos livros numa viagem. Ainda mais agora que os modelos mais simples custam apenas 100 reais. Se funcionam, não sei, porém o preço comprova a tese de que logo todos terão um. Nem que seja para parecer moderno e deste mundo. Um mundo de neologismos e de quinquilharias digitais. Um mundo de gente afobets por gadgets que logo vão para o lixets.

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