A verdade é uma só, e os sábios falam dela sob vários nomes. Esta frase
está nos Vedas, livros sagrados hindus.
Tomemos, por exemplo, a trajetória dos heróis. Ela se repete em todos os
continentes, sob os mais diversos nomes, desde a antiguidade: Gilgamesh,
Moisés, Shiva, Rei Arthur, Joana D’Arc, Hércules, Jesus, Tiradentes. Esses heróis, depois de sofrer provações, trouxeram sabedoria ou renovação para
sua gente. Aliás, entre as biografias de Jesus e Hércules existe mais que
coincidência: ambos eram mortais e deuses, filhos de um todo-poderoso com uma
terrena, passaram por sofrimentos atrozes, salvaram o mundo, sentiram-se
abandonados pelo pai, depois da morte subiram aos céus. Até suas últimas frases
teriam sido, em algumas tradições, as mesmíssimas, apenas separadas por muitos
séculos.
Quem quiser saber um pouco
mais sobre o caminho comum aos heróis de todos os tempos não pode deixar de ler
o livro A Jornada do Herói, baseado
na vida e na obra do grande mitólogo norte-americano Joseph Campbell. Campbell
afirma que uma nação sem mitos não é uma nação, apenas um amontoado de pessoas
disparatadas. Estamos bem no Brasil. Mito sobra por aqui.
O mito é o mistério do
mundo, condicionado à cosmologia de cada época. Por isso, Campbell não via
qualquer conflito entre a ciência e a religião, pois a religião é balizada pelo
conhecimento existente na data de sua fundação. Não se pode comparar o
conhecimento de hoje com aquele de dois mil anos atrás. A defasagem é evidente.
O mito, então e hoje, busca o mistério, a mesma busca do herói que, ao se
lançar nela, nos revela um pouco mais acerca do mundo e de nós mesmos.
A receita para ser herói
é simples, segundo Campbell: “Siga a sua bem-aventurança, vá aonde há um
profundo sentido do seu ser, vá aonde seu corpo e alma querem ir”. Ao tomar
essa trilha, escute sua voz interior, e as portas se abrirão.
Ouvimos essa mesma história todos os dias,
repetida por empresários, artistas, políticos, atletas e cientistas que se
esforçaram, tiveram sucesso e nos legaram coisas novas. Isso prova a
permanência do mito. Através dos séculos, a jornada do herói não muda.
Um comentário:
Muito bom.
Postar um comentário