Mark Twain, o famoso autor
norte-americano de As Aventuras de Huckleberry Finn, livro liberado para todas as
idades, considerado por Ernest Hemingway e William Faulkner a obra fundadora da
literatura nos Estados Unidos, possui um lado menos conhecido, aquele do
ativista político, do crítico da religião, do grande humorista.
Quando abordou esses assuntos, sua
obra foi banida, censurada, rejeitada, só publicada postumamente. Em plena
ascensão do imperialismo ianque, Mark Twain era anti-imperialista ferrenho e
criticou as guerras de conquista norte-americanas, sobretudo a invasão das
Filipinas, onde seus compatriotas assassinaram, a sangue frio, de uma vezada,
seiscentos filipinos muçulmanos. Resultado: a obra crítica só saiu em 1924,
quatorze anos depois da morte do escritor.
Twain era antirreligioso, adversário
contundente do cristianismo. Afirmou que, no sangue arrancado de inocentes
pelos cristãos, todas as frotas do mundo navegariam com grande conforto.
Resultado: essa acidez corrosiva só chegou ao público em 1972.
Até seu humor cáustico ficou escondido
por décadas. Um de seus discursos, proferido num clube de escritores e artistas
em Paris, em 1879, aos quarenta e seis anos de idade, só apareceu em 1943, em
edição de apenas cinquenta exemplares. Cinquenta exemplares, não mais.
Que
perigoso discurso era esse? Trata-se do engraçadíssimo Algumas reflexões sobre a ciência do onanismo. O autor desentoca, com
candente ironia, possíveis masturbadores ao longo da história, ligando seus
momentos mais criativos ao chamado vício solitário. De Homero a Darwin, não
poupa ninguém. Diz que o costume eliminou mais crianças que qualquer outro meio
conhecido.
Por
esse bom humor, o discurso ficou banido durante sessenta e quatro anos. Ainda
bem que a internet permite que, hoje, todos leiamos as Reflexões sobre a ciência do onanismo. Mas, por
favor, não o faça sozinho, trancado no banheiro. Divida com os amigos,
recomende, ponha em circulação, anuncie, toque a corneta. Rir faz bem à saúde.
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