Como
falam mal de Vargas Llosa. Não apenas de sua premiada literatura, sobretudo de
suas posições políticas. Dizem que ele é elitista, antirrevolucionário,
anticastrista, antichavista, conservador ao extremo. Já disseram que, se tivesse sido eleito presidente do Peru, ele
teria substituído as armas nacionais pela suástica. Na raiz do problema, está
sua decepção com o regime cubano, após a perseguição promovida por Fidel Castro
a intelectuais e à liberdade de criação e expressão. De defensor da revolução,
ele passou a crítico. Então começaram as porretadas. Haja porrete.
Nada melhor que beber direto na fonte
para a gente tirar as próprias conclusões. Você pode fazer isso, com pouco esforço, se ler as
crônicas de Mario Vargas Llosa. No livro Sabres
e Utopias, da Editora Objetiva,
ele expõe suas visões sobre a América Latina. E o faz com o peito aberto.
Critica a direita e a esquerda, põe o dedo na ferida de problemas que resistem
aos séculos, mostra como caudilhos se valem da mudança para, lampedusamente,
manter tudo do jeito que está.
Em textos escritos desde a década de
1960 até 2009, acompanha os acontecimentos políticos do
continente, bem como sua própria evolução intelectual. Assim, elogia o esforço
educacional e cultural em Cuba, antes do rompimento com Fidel, critica Pinochet
bem como diversos movimentos revolucionários, aponta erros da gestão de Lula,
faz o elogio da democracia brasileira e de outros países latinos, analisa a
obra de diversos autores, como o nosso Euclides da Cunha.
Tudo
isso e muito mais. Depois de ler Sabres
e Utopias, você conhecerá a visão de
um grande escritor sobre nosso continente. Poderá concordar ou discordar, mas
seguramente ganhará uma bela reflexão e descobrirá motivos que levaram Vargas
Llosa a levar o Nobel de Literatura. Ele mereceu. É um gênio da literatura contemporânea.
3 comentários:
O que me agrada em Vargas Llosa é seu talento de prosador e ficcionista. Um dos livros que mais me marcaram foi o seu CONVERSA NA CATEDRAL, que continuo julgando atual e indispensável.
Concordo com seu ponto de vista, Afonso. Conversa na Catedral é um romance imperdível. E atual.
Tenho esse livro. Está na minha enorme lista de prioridades. Vou ver se consigo antecipá-lo. ;)
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