quinta-feira, 25 de junho de 2015

Crônicas de nuestra Latinoamérica

        Como falam mal de Vargas Llosa. Não apenas de sua premiada literatura, sobretudo de suas posições políticas. Dizem que ele é elitista, antirrevolucionário, anticastrista, antichavista, conservador ao extremo. Já disseram que, se tivesse sido eleito presidente do Peru, ele teria substituído as armas nacionais pela suástica. Na raiz do problema, está sua decepção com o regime cubano, após a perseguição promovida por Fidel Castro a intelectuais e à liberdade de criação e expressão. De defensor da revolução, ele passou a crítico. Então começaram as porretadas. Haja porrete.
          Nada melhor que beber direto na fonte para a gente tirar as próprias conclusões. Você pode fazer isso, com pouco esforço, se ler as crônicas de Mario Vargas Llosa. No livro Sabres e Utopias, da Editora Objetiva, ele expõe suas visões sobre a América Latina. E o faz com o peito aberto. Critica a direita e a esquerda, põe o dedo na ferida de problemas que resistem aos séculos, mostra como caudilhos se valem da mudança para, lampedusamente, manter tudo do jeito que está.
         Em textos escritos desde a década de 1960 até 2009, acompanha os acontecimentos políticos do continente, bem como sua própria evolução intelectual. Assim, elogia o esforço educacional e cultural em Cuba, antes do rompimento com Fidel, critica Pinochet bem como diversos movimentos revolucionários, aponta erros da gestão de Lula, faz o elogio da democracia brasileira e de outros países latinos, analisa a obra de diversos autores, como o nosso Euclides da Cunha.
          Tudo isso e muito mais. Depois de ler Sabres e Utopias, você conhecerá a visão de um grande escritor sobre nosso continente. Poderá concordar ou discordar, mas seguramente ganhará uma bela reflexão e descobrirá motivos que levaram Vargas Llosa a levar o Nobel de Literatura. Ele mereceu. É um gênio da literatura contemporânea. 

3 comentários:

Afonso Baião disse...

O que me agrada em Vargas Llosa é seu talento de prosador e ficcionista. Um dos livros que mais me marcaram foi o seu CONVERSA NA CATEDRAL, que continuo julgando atual e indispensável.

BlogdoLuísGiffoni disse...

Concordo com seu ponto de vista, Afonso. Conversa na Catedral é um romance imperdível. E atual.

Jean Piter disse...

Tenho esse livro. Está na minha enorme lista de prioridades. Vou ver se consigo antecipá-lo. ;)