quarta-feira, 10 de junho de 2015

A literatura e a desonestidade como escada social

        O filme Meia Noite em Paris, de Woody Allen, e os escândalos de corrupção em Brasília me remeteram a um livro que fala dos excessos dos anos 1920, a ruidosa década de grande prosperidade que desembocou no caos de 1929. O livro se chama O Grande Gatsby. Foi escrito por Francis Scott Fitzgerald, um norte-americano pobre fascinado pelo mundo dos milionários. Fitzgerald e Zelda, sua mulher, aparecem no filme de Woody Allen em meio a festas extravagantes, esbanjando dinheiro, querendo ser ricos a qualquer custo. Os políticos de Brasília também aparecem em meio a festas extravagantes, esbanjando dinheiro público, querendo ser ricos a qualquer custo, sobretudo às nossas custas.
          O Grande Gatsby trata desses personagens do alpinismo social levado às últimas consequências. Jay Gatz, que se transformaria no grande Gatsby, é um rapaz pobre apaixonado por Daisy, moça rica. A fim de conquistar a amada, Gatsby trata de se enriquecer por meios ilícitos. Depois de ajuntar muito dinheiro, para ostentar posses e atrair Daisy, Gatsby promove festas extravagantes, nas quais esbanja fortunas. Quase conquista Daisy. Fitzgerald atrapalha o amor, provocando um morticínio digno dos grandes folhetins.
          O romance é considerado um dos melhores da literatura norte-americana do século 20, com o que não concordo, mas sem dúvida merece ser lido. Não apenas pelo mérito literário, também pelo retrato de uma época de prosperidade que parecia eterna e acabou em tragédia, tragédia que também atingiu a vida particular do escritor Scott Fitzgerald, morto prematuramente aos quarenta e quatro anos. Morreu pobre como nasceu.
          Grandes festas, grandes arroubos, grandes roubos, grandes Gatsby. A história se repete no Brasil de hoje. Dinheiro continua a mola do mundo. Há pouco, quase trouxe outra grande depressão, como a de 1929. Vamos pagar a conta do desmando alheio por um bom tempo. Lá fora e aqui dentro do país.

4 comentários:

Branca Maria de Paula disse...

Adorei, Giffoni!

Não é mera coincidência não.

Mas Gatsby tinha tanto charme...

BlogdoLuísGiffoni disse...

Valeu, Branca. Obrigado pela leitura.

Patrícia Giffoni disse...

Assisti aos dois filmes citados!!! Meia Noite em Paris, é fascinante e o personagem permeia pelo falso glamour de Gatsby!!! Realmente, pagamos as contas de Grandes Gatsby e isso não tem nada de fascinante e muito menos de glamouroso!!! Lamentável!!!

BlogdoLuísGiffoni disse...

Também gostei dos filmes, Patrícia. Quanto às contas, vamos pagá-las por um bom tempo. Mas o Brasil superará essa crise. Nós temos capacidade de superação. Provada e comprovada.