quinta-feira, 18 de junho de 2015

A derrota que se transformou em vitória

Ao conceder a Ernest Hemingway o Nobel de Literatura de 1954, o Comitê do prêmio citou nominalmente o menor dos livros do escritor. Trata-se de uma obra tão pequena que é usada para avaliar a rapidez de leitura nos cursos de leitura dinâmica, onde os alunos avançados devoram suas noventa páginas em meros dez minutos.
          Que livro é esse? Trata-se do polêmico O Velho e o Mar, a epopeica captura de um marlim com mais de cinco metros pelo cubano Santiago, nas águas do Golfo do México. Após quase três meses sem pescar nada, Santiago se vê, sozinho, às voltas com o fabuloso marlim que custa a dominar, para em seguida ser assaltado por tubarões que lhe descarnam a presa, até deixar pouco mais que a espinha dorsal do peixe. Essa espinha dorsal traria a Santiago a consagração em seu pequeno vilarejo e, enquanto história, renderia a Hemingway extraordinária popularidade mundo afora. Uma curiosidade: para não terminar sem peixe como Santiago, o escritor mantinha em seu barco uma submetralhadora para afastar os tubarões.
          Muitos críticos acharam a novela pobre, sem rumo, assinalaram que o autor resvalava na religiosidade barata, no monumentoso, até no plágio ou releitura de outra novela norte-americana, Moby Dick. Outros, ao contrário, por sinal a maioria, viram em O Velho e o Mar, o toque da genialidade, a obra que culminaria a carreira de Hemingway, inclusive garantindo-lhe o Nobel. Eu me coloco entre os admiradores.
          O livro possui momentos de grande inventividade, narrada no estilo simples, à primeira vista sem grandes recursos, característico do autor de Por Quem Os Sinos Dobram. Para tirar a teima, por que você não avança através dessas noventa páginas de O Velho e o Mar e tira a própria opinião? Aposto dez por um que vai gostar.









4 comentários:

Anônimo disse...

É mesmo um lindo e maravilhoso o livro, primo. Digo mais: precisa de muito talento para escrever 'simples'. Parabéns, mais uma vez, pelo belo texto! Beijos,

BlogdoLuísGiffoni disse...

Simples é uma maneira difícil de escrever, prima. Beijos

Vera Carvalho Assumpção disse...

Muito bom o seu texto Luis. Também sou das admiradoras de O Velho e o Mar. Aliás, seu texto instigou-me a uma releitura.
Escrever fácil é sempre difícil! Parabéns

Afonso Baião disse...

O velho e o mar foi o tema de uma redação que fiz ainda no primeiro grau e que foi muito elogiada pelo exigente Professor Campolina, diretor da primeira escola estadual de nível médio de Ponte Nova. De forma que tenho, além da admiração pela obra de Hemingway, uma relação afetiva com esse livro em particular.