Preste
atenção na pronúncia deste belo, sonoro e complicado nome: [viˈswava ʂɨmˈbɔrska]. Vou repetir: [viˈswava ʂɨmˈbɔrska]. Seu nome de
batismo: Wislawa Szymborska. Era escritora polonesa, nascida em 1923, ganhou o
prêmio Nobel de Literatura de 1996 por sua poesia que, com precisão irônica,
traz à luz o contexto histórico e biológico da realidade humana. Além da
ironia, ela se vale de paradoxos, contradições e reticências para investir em seus
temas preferidos, como a filosofia e o relacionamento entre as pessoas.
Seus
poemas, em geral, são realistas, sucintos, densos, alguns com dez versos
apenas. Nesse curto espaço, ela aborda dramas existenciais e éticos que
refletem a condição do indivíduo, bem como a da coletividade, sobretudo a da
Polônia atual. Daí a alcunha de “poeta filosófica” ou “poeta da consciência do
ser”. Carimbos difíceis que não condizem com a fluidez de sua obra.
Seu
trabalho de introspecção e sabedoria não chega a trezentos poemas, tampouco
existia no Brasil tradução de sua obra até setembro de 2011, quando a coletânea
Poemas saiu pela Companhia das Letras.
Descubra este livro. Vale a pena.
Para
lhe trazer um gostinho de Szymborska, traduzi de Um encontro inesperado:
A gente se trata com cortesia demais,
ano após ano repetimos como é bom
estarmos juntos.
Nossos tigres bebem leite,
nossos tubarões se afogaram,
nossos pavões renunciaram ao leque de
penas,
nós emudecemos no meio das frases,
cheios de sorrisos e passado.
Por nossa humanidade,
nós dois desaprendemos a fala.
Um comentário:
"Nossos tigres bebem leite,
nossos tubarões se afogaram"
Simplesmente demais!
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