Se você tiver um pouco de paciência,
essa erudição pode se transformar em grande prazer. Por acaso, caiu em minhas
mãos o livro Eros, Tecelão de Mitos,
da Editora Iluminuras, escrito pelo poeta e erudito Joaquim Brasil Fontes, no
qual ele resgata a poesia de Safo de Lesbos.
Sim, ela mesma. Safo de Lesbos, a
grega que enaltecia o amor entre as mulheres. Gay assumida. Com ela nasceu a palavra lésbica. Faz dois mil e
seiscentos anos que Safo encanta e assusta as gerações. A julgar pelo falso moralismo
atual, hoje a apedrejariam. Era grande poeta. Sensível, sintética, terna, profunda.
Pena que muito de sua obra se perdeu. Joaquim Fontes, sem trocadilho, bebe nas
fontes originais e oferece os versos sáficos no ponto de consumo, no melhor
estado de conservação possível.
Além da beleza intrínseca da obra de
Safo, em que a paixão e o cotidiano se mesclam, a cultura do autor de Eros, Tecelão de Mitos nos proporciona momentos de
deleite e informação. Para completar, voamos ao passado e conhecemos a vida de
quase três milênios atrás.
Erudição não é bicho papão. Muito
menos Safo de Lesbos. Sua poesia, corriqueira na Grécia, era curtida pelo povo.
Perdemos nós o requinte intelectual ou adquirimos um prurido moralista idiota? Pior
ainda: aconteceram-nos ambas as coisas?
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