Os
livros mudam o mundo? Interferem eles com as pessoas, a ponto de transformá-las
e transformar toda a sociedade? Se você acha que não, permita-me discordar.
Mudam, sim. Alguns livros têm o extraordinário poder de convencer-nos,
seduzir-nos e levar-nos a acreditar em seus argumentos. De quebra, carregam o
mundo na esteira de sua lógica. Aliás, carregam até mundos. Um desses livros
mexeu não só com a Terra, mas ainda com o Sol, a Lua e os planetas. Refiro-me a
um tratado de astronomia que, há mais de 2300 anos, faz a cabeça das pessoas.
Adotado pela Igreja como dogma, fez até a cabeça de Deus, que passou a punir
quem desacreditava em seus ensinamentos. Ai de quem duvidasse dele. Que obra é
essa? Trata-se da multimilenar Do Céu,
escrita por Aristóteles, o genial filósofo grego que deu pitaco em todo o
conhecimento de sua época, fundou muitas das atuais ciências, além de fazer a
cabeça de seu aluno Alexandre, o Grande, que espalharia o conhecimento do
mestre até a Índia. Pois Aristóteles defendia que a Terra estava no centro do
Universo, cercada por dezenas de esferas em cujo interior tudo girava. Tão
convincente foi que, por mais de 1500 anos, o geocentrismo prevaleceu. Muita
gente foi para a fogueira por discordar que a Terra estivesse no centro do
universo, embora o heliocentrismo tivesse surgido pouco depois da morte de
Aristóteles, na própria Grécia, com Aristarco de Samos. O mais engraçado é que,
em pleno século 21, um quinto dos norte-americanos e dos europeus ainda continua
aristotélico, isto é, acredita que o Sol gira ao redor da Terra. Livros fazem
ou não fazem a cabeça da gente?
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