terça-feira, 11 de agosto de 2015

SOBRE O QUE ESCRITORES FOFOCAM?

      Sempre me perguntam, durante uma festa, sobre que assuntos os escritores conversam em seus encontros. A pergunta, na verdade, é outra. Querem saber se falamos apenas de livros. A resposta é não. Como qualquer outro grupo, falamos de tudo, com especial predileção pelos amigos ausentes. Ai dos ausentes. Sim, com frequência quem não está na roda entra na roda. A gente tem permissão. Como escritores costumam ser bons observadores, conhecem bem os detalhes da vítima, põem depressa a mão inteira na ferida. 
         Mas nem tudo é má-língua. Também fazemos elogios. O problema é que alguns colegas não dão motivo. Dia desses, tivemos uma boa razão para elogiar, e o fizemos. Um sisudo romancista, no auge da capacidade criadora, resolveu surtar no meio de um bar e incorporou uma pomba-gira ou um diabo, sei lá. A interpretação, de tão convincente, arrancou aplausos de toda a roda, com seguidos pedidos de bis, prometido para breve. Esse autor/ator deve estar gestando um personagem meio endemoninhado. Só pode ser isso. A outra opção é pior.
          Mas a resposta também pode ser sim. Sim, falamos de literatura. Assim como gostamos de escrever, também gostamos de ler. Muito. Discutimos, por horas, às vezes com veemência, nossas preferências. Na semana passada, recebi uma ótima dica de leitura. Um ficcionista de primeira aplicou-me o norte-americano Cormac MacCarthy, autor que explora a violência em seu limite. Escorre sangue de suas páginas. Recomendou-me o romance Meridiano de Sangue, obra-prima de MacCarthy. Já estou conferindo.

          Para amenizar nossos encontros, como os de qualquer outro grupo, contamos piadas. Afinal, quem resiste a uma boa piada? Dizem que a vida é a maior delas. Verdade ou mentira? Bom assunto para puxar no próximo encontro com escritores. O riso é sempre a coroação de um bom papo.    

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